No início do século XIX, o Brasil era uma colônia esquecida do Reino de Portugal.  A principal riqueza da Capitania das Minas Gerais, o ouro, tornara-se escassa. A miséria e a criminalidade assumiam proporções alarmantes. O cenário era de medo e de insegurança diante a total ausência de um poder público. Por esses sertões desconhecidos de desolados perpetuavam-se as condutas criminosas que assombravam fazendas, caminhos, vilas e povoados.

Januário Garcia Leal, homem de bem, fazendeiro, comerciante de notória reputação se vê obrigado a tomar para si as rédeas da lei. Foi quando um crime bárbaro, com requintes de crueldade bateu à sua porta. Sete irmãos assassinos corroídos pela inveja e uma rixa antiga que envolvia uma velha e indevida disputa de divisas de terras entre as duas fazendas. A vítima, João Garcia, irmão de Januário, foi pega covardemente em uma emboscada, pendurado em uma figueira e teve a pele arrancada lentamente enquanto agonizava. Januário prometeu vingança, mas antes procurou a justiça. Como esta não lhe deu ouvidos, jurou fazê-los defuntos. Saiu sertão adentro no encalço de cada um. Formou um bando temido e respeitado por todos. Mas foi o destino, que colocando cada um em seu caminho, de homem para homem, conferiu a Januário o seu legítimo direito de escolher entre o perdão e a vingança. Mas o seu juramento e um colar macabro selaram a sua história, que lhe valeu a alcunha de O Sete Orelhas.